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  • Setembro Amarelo | Um alerta sobre saúde mental

    DATA: 12/09/2022

    Publicado por: Horiens

    A saúde mental é um campo rodeado de estigmas. Grande parte da sociedade ainda tem dificuldade em reconhecer que transtornos mentais são doenças que requerem atenção e tratamento como qualquer enfermidade física. Para promover conscientização acerca do tema e combater o crescente número de suicídios que são registrados no Brasil todos os anos, o Centro de Valorização da Vida (CVV), o Conselho Federal de Medicina (CFM) e a Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) realizam, desde 2015, a campanha Setembro Amarelo.

    A Horiens apoia essa iniciativa juntamente com as seguradoras de saúde parceiras, que oferecem suporte para tratamento psicológico por meio de suas redes referenciadas e outras plataformas de atendimento. Os integrantes ou dependentes segurados podem, a qualquer momento, entrar em contato com a OLÁ Pessoas – (11) 3096-8080 / olapessoas@horiens.com – para tirar dúvidas, ou acessar os links diretos das seguradoras para saber mais. Clique em Bradesco ou SulAmérica.

    Reconhecer quando você ou alguém que você ama está em sofrimento é o primeiro passo para iniciar um tratamento adequado. Para ajudar nesta tarefa, convidamos o psicólogo e professor Rodrigo Sampaio* para trazer alguns esclarecimentos sobre este tema que tem ganhado cada vez mais notoriedade em função do aumento de transtornos relacionados à saúde mental em todo o mundo. Confira, a seguir, a entrevista:

     

    • Por que o tema da saúde mental ainda é bastante estigmatizado em nossa cultura?

    Rodrigo Sampaio – Existe uma marca muito forte que associa os transtornos mentais à loucura. Se a ideia de saúde mental, no senso comum, se restringe apenas a uma condição de normalidade psíquica, os transtornos mentais, por sua vez, colocam o sujeito numa posição determinista de apagamento, de desqualificação. Essa questão está associada a um processo histórico, que foi marcado por uma oposição radical entre razão e irracionalidade, e mantida, por muito tempo, pelas relações de poder. De um lado se desqualificava a loucura (irracionalidade), de outro, se atribuía uma ideia de veracidade das coisas e pessoas a partir de uma lógica de razão irrepreensível. Nesse entendimento, a loucura tornou-se uma marca de restrição social, segregando e confinando pessoas em manicômios, por exemplo. Esse processo violento de tentativa de expulsão da loucura dos espaços sociais seguiu seu curso e, mesmo com a reforma psiquiátrica e as numerosas tentativas de ressignificar essas interpretações equivocadas sobre transtornos mentais, os estigmas desumanizantes ainda perduram.

    • Pessoas que procuram atendimento psicológico necessariamente possuem algum transtorno mental?

    Rodrigo – Existem muitos dados estatísticos sobre o perfil, predisposições e motivações para a busca de atendimento psicológico. Há um crescente número de pessoas com diagnósticos psiquiátricos de depressão, transtornos de ansiedade específica ou generalizada, transtornos de humor, distúrbios alimentares e somatizações. Mas podemos listar situações importantes que não necessitam, a priori, de um encaminhamento psiquiátrico, e que são relevantes do ponto de vista psicológico, como dificuldades de aprendizagem e comportamentos incivilizados (comum na infância e no período escolar), conflitos relativos aos relacionamentos interpessoais afetivos e emocionais, insegurança acadêmica e profissional. Outras queixas que não necessariamente se configuram como transtornos mentais são as dificuldades em lidar com situações cotidianas, incertezas em relação ao futuro, problemas associados à autoestima, luto e baixa tolerância a frustrações.

    • Atualmente, quais são os sintomas que mais levam as pessoas aos consultórios de psicólogos e psiquiatras?

    Rodrigo – A depressão é hoje a doença que mais avança no mundo e pode afetar qualquer pessoa, até mesmo alguém que parece viver em circunstâncias relativamente saudáveis. Entre os sintomas da depressão pode-se destacar: oscilação de humor, ansiedade ou sensação de “vazio” ou falta de “vontade de viver”, desmotivação para realizar atividades cotidianas, sentimentos de desesperança persistente, pessimismo, irritabilidade, sentimento de culpa, inutilidade ou desamparo, perda de interesse ou prazer pela vida, diminuição da energia física, limitação no interesse sexual, dificuldade de concentração, falta de memória ou tomada de decisões, dificuldade para dormir e cansaço incomum ao despertar, pensamentos de morte ou suicídio, dores articulares, dores de cabeça, problemas digestivos sem uma causa física clara e/ou que não se aliviam mesmo com o tratamento; e tudo isso por um período prolongado de uma ou duas semanas.

    É importante destacar que nem todo mundo que está deprimido experimenta cada sintoma. Em situações mais severas, pessoas podem experimentar muitos desses sintomas. Outro elemento importante é afastar qualquer diagnóstico clínico que esteja relacionado a estes sinais, o que só pode ser realizado por profissionais de saúde, com diagnóstico diferencial. Mais uma vez, é necessária uma avaliação personalizada para afastar ou confirmar qualquer hipótese diagnóstica.

    • O que causa a depressão?

    Rodrigo – Diversos fatores podem atuar no surgimento do transtorno. Um exemplo está na condução de certas substâncias químicas no sistema nervoso, que podem contribuir para os sintomas. Além disso, fatores genéticos, pessoas com baixa autoestima, que são facilmente oprimidas pelo estresse, ou que são geralmente pessimistas, assim como fatores ambientais, como a exposição contínua à violência, negligência, abusos, pobreza, condições de trabalho degradantes, podem tornar algumas pessoas mais vulneráveis à depressão.

    • Conversar com amigos e pessoas de confiança pode ser efetivo e até mesmo dispensar o auxílio de um profissional especializado?

    Rodrigo – As relações sociais, familiares, afetivo-sexuais, a religião ou outros dispositivos socioemocionais não substituem a intervenção personalizada de um profissional de saúde mental. Todos esses elementos fazem parte de um complexo conjunto de ações interventivas que podem auxiliar pessoas com quadros psicológicos de adoecimento a terem um maior bem-estar e qualidade de vida. Atividade física, alimentação saudável, relações sociais, sono, medicação prescrita e atividades prazerosas são adjuvantes do processo psicoterápico e fundamentais para o progresso na condução terapêutica. No entanto, o conhecimento técnico do profissional de saúde mental é essencial para o êxito nesse objetivo.

     

    • Na prática, em que consiste o trabalho do profissional de saúde mental no tratamento a questões como ansiedade, estresse, depressão e outros transtornos?

    Rodrigo – A depressão, assim como ansiedade e outros transtornos da saúde mental são multifatoriais e multideterminados, ou seja, resultam de um conjunto de interações de ordem biológica, psicológicas e sociais que a pessoa experimenta ao longo da sua vida. Fazem parte dessas experiências também a exposição a fatores estressores endógenos ou ambientais que podem ser definidores para a intervenção psicológica em situações dessa natureza.

    Cabe ao profissional analisar o contexto de vida de cada pessoa para definir as estratégias de intervenção mais apropriadas. De todo modo, é de grande relevância pensar que a atuação em saúde mental precisa ter como protagonista a própria pessoa em sofrimento, para que ela possa exercer sua autonomia, inclusive, no que diz respeito à condução do seu tratamento. Também cabe ao profissional promover, nas suas respectivas áreas de atuação, ambientes favoráveis para o exercício desse protagonismo, oferecendo condições reais para a melhoria das pessoas por ele assistidos.

    • Como detectar se uma pessoa próxima está em sofrimento psicológico e o que pode ser feito para ajudá-la nesta situação?

    Rodrigo – Duas palavras que podem ser úteis quando falamos em ajuda às pessoas em sofrimento psicológico: acolhimento e encaminhamento. Acolher é uma ação de aproximação que implica reconhecer o outro, sua singularidade, suas vivências, seu sofrimento, sua compreensão de si e do mundo, e seus modos de viver e sentir. Prevê uma atitude de respeito, de abrir-se para o que o outro tem a dizer, das suas dores e dilemas, num processo de escuta empática, sem julgamentos ou comparações. Para uma pessoa que convive ou detecta situações de sofrimento mental em alguém próximo, é importante escutar atentamente o que essa pessoa tem a dizer, com as suas palavras, a partir do que ela sente e interpreta sobre o que sente. Então, se você detectar algum sinal de sofrimento psicológico em alguém próximo, ofereça uma escuta e busque ajuda profissional.

     

    *Rodrigo Sampaio é Psicólogo clínico, Mestre e Pesquisador em Educação pela Universidade do Estado da Bahia – UNEB. Atualmente, exerce a função de assessor pedagógico da UniFTC Salvador. Leciona nas disciplinas das áreas de conhecimento do Desenvolvimento Humano, Psicopatologia e Teorias da Personalidade.

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