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Janeiro Resumo do mercado 2021 e perspectivas 2022
DATA: 24/01/2022
O mercado financeiro em 2021 e as perspectivas para 2022
Em mais um ano muito desafiador para os gestores de investimentos mundo afora, com a persistência da epidemia da Covid-19 e seus desdobramentos para o ambiente econômico, a variável central para entender resumidamente a dinâmica dos resultados dos investimentos em 2021 são a continuidade da cautela à exposição ao risco e o consequente movimento de migração de capital dos mercados emergentes para os mercados desenvolvidos, principalmente para aquele que é considerado o porto-seguro para os investidores globais, o mercado estadunidense.
Aliado a isso, observamos um ambiente político-econômico bastante conturbado internamente, com um cenário de eleições polarizadas se aproximando, o que desincentiva os investidores internacionais a voltarem a alocar recursos no país. Pelo menos até que a situação seja mais clara.
Por fim, mas não menos importante, a crise no mercado imobiliário chinês com a iminente falência de uma de suas maiores construtoras local, colocou um sinal de alerta sobre uma possível crise sistêmica e contaminação de outros mercados.
Resumidamente, esses foram os principais acontecimentos do ano, no entanto, cabe ressaltar que, obviamente, são inúmeras as variáveis que impactam os investimentos e o objetivo desse texto é trazer apenas alguns fatores que podem explicar o ambiente para os investimentos, sem ser exaustivo.
Mesmo com as taxas de juros dos títulos do tesouro americano remunerando os seus detentores com retornos reais negativos (taxa de juros nominal abaixo da inflação), em momentos de aversão ao risco e volatilidade por parte dos investidores, os recursos acabam sendo redirecionados para esse mercado, pois a moeda e o título de dívida do governo americano são considerados os ativos de menor risco no mercado financeiro global. E o que observamos em 2021 foi a continuação desse movimento, com menor força, porém, com uma constância.
Ainda que a bolsa do Estados Unidos tenha atingido suas máximas históricas, as ações das empresas listadas continuaram atraindo investidores, em um ambiente de taxas de juros extremamente baixas. Podemos observar no gráfico abaixo por meio do índice CAPE-Shiller, que o múltiplo do preço das ações em relação ao lucro das empresas (ajustados à inflação) se encontra em níveis extremamente elevados. Ou seja, esse mercado de ações americano estaria relativamente “caro”, uma vez que está sendo negociado acima do seu padrão histórico.
Índice CAPE à esquerda | Taxa de juros de longo-prazo do tesouro americano à direita
Um desempenho semelhante ocorreu nos mercados desenvolvidos como um todo, mas não nos mercados emergentes. O MSCI World, índice que representa as ações exclusivamente dos mercados desenvolvidos, teve alta em 2021 de 30,6% em Reais e 21,82% em Dólares. Enquanto o MSCI Emerging Markets, índice representativo dos mercados emergentes, apresentou no mesmo período, alta de 4,51% em Reais, mas queda de 2,54% em Dólares.
Dessa forma, o segmento que chamamos de “Ações Mundo”, foi o que apresentou no ano passado o melhor desempenho relativo aos segmentos que acompanhamos e que está sintetizado no quadro abaixo.
Periodicamente mapeamos o desempenho de 12 tipos de potenciais segmentos de investimentos, classificamos cada investimento do mais rentável ao menos rentável em cada ano e indicamos a variação do IPCA dos respectivos anos. As definições podem ser vistas ao final da matéria.
Com uma alta próxima de 19% em Dólares (USD) e impulsionados pela valorização da moeda em mais de 7%, Ações Mundo teve um desempenho de 27,1%. Sendo, inclusive, o único desta lista a superar o IPCA em 2021.
Por outro lado, assim como destacamos na matéria “Desempenho dos Investimentos em 2021”, Ações Brasil (representada pelo Ibovespa), foi relativamente um dos piores investimentos dentre os mapeados, com queda de 11,9% em 2021.
No quadro acima, é possível observar também, que o IPCA não só figurou no topo dos segmentos, como foi superior ao próprio CDI no período, indicando que a Taxa de Juros Real (taxa nominal descontando a inflação) no Brasil foi negativa em 2021 (assim como ocorrido em 2020). Essa situação observada nesses dois anos foi bastante atípica e, de certa forma, inédita no passado recente aqui no Brasil.
Por fim, ainda sobre o quadro acima, gostaríamos de reforçar a mensagem que buscamos passar aos Participantes e Assistidos, sobre a importância de termos uma carteira diversificada, pois ela acaba sendo a melhor forma de mitigar o comportamento volátil de todos os mercados. Vejam que a cada ano, o ranking dos melhores e piores investimentos muda muito. Tentar acertar qual será o melhor investimento no período, olhando especialmente para comportamento passado, pode não ser a melhor decisão a ser seguida.
Por isso que aqui na Vexty, dentro da macroestratégia que seguimos, a diversificação do portfólio de ativos investidos dentro de cada Perfil é um dos pontos chaves.
Perspectiva para o Mercado em 2022
Olhando para frente, quando observamos a cotação do contrato futuro do S&P (um dos índices da bolsa de valores dos EUA) podemos especular que o mercado não espera uma alta pujante em 2022 para o mercado de ações por lá. Com o índice em 4.659,03 pontos em 13/01/21 e o contato futuro de Dez/22 em 4.685,00 (fonte https://www.marketwatch.com/), presume-se que a alta esperada é de menos de 1%. Esse cálculo não leva em conta diversos outros fatores e não é uma indicação de investimento.
Já o IPCA atingiu a maior alta desde 2015. Com um aumento de 10,06%. Diversos fatores contribuíram para a forte alta apresentada nos preços medidos pelo índice, mas a principal explicação vem da dificuldade das empresas em manter as cadeias produtivas funcionando normalmente, gerando escassez de produtos importantes e, consequente, impactando o nível de preços cobrados. Em relação à expectativa do mercado para inflação em 2022, os agentes consultados pelo Bacen esperam que o IPCA encerre o ano próximo a 5,09% (Relatório Focus do Banco Central de 14/01/2022), acima do centro da meta estabelecida pelo CMN de 3,5% para 2022
O arrefecimento da inflação é aguardado em um ambiente econômico recessivo e, simultaneamente, pela normalização da política monetária do governo com o aumento forte dos juros básicos da economia, depois de um período inédito de prática das taxas mais baixas da história na economia brasileira. O ano de 2021 iniciou com a taxa Selic ou CDI próximos a 2,00% e encerrou o período com taxas em 9,25% ao ano, apresentando a taxa acumulada ao final em 4,40%. Dados do BIS (Banco de Compensações Internacionais) mostram que o ritmo de alta dos juros brasileiros foi o maior entre todas analisadas (32 bancos centrais) e que o Brasil está entre as três economias com inflação mais elevada no acumulado em 12 meses, atrás apenas de Argentina (52%) e Turquia (19,9%).
Quando levamos em conta a expectativa de inflação e juros em 2022, o país também voltou a liderar o ranking de juros reais, passando Rússia e Turquia. Com uma taxa média de 11,75% e inflação em 5% aguardados para o ano, a taxa de juros reais ficará próxima a 6%. Lembrando que em 2020 e 2021 a taxa de juros reais foi negativa no Brasil, conforme indicamos acima.
Por fim, olhando o mercado de renda variável brasileiro, encontramos os últimos colocados do nosso ranking. Com um ambiente econômico recessivo, incerteza política e aperto da política monetária, houve saída dos investidores da bolsa brasileira, principalmente os investidores internacionais. Assim, o Ibovespa encerrou 2021 com queda de 11,9% o índice de ações Small Caps, empresas com capitalização de mercado mais baixas (entre R$ 300 milhões e R$ 2 bilhões), teve queda de 16,2%.
Como os modelos de valoração das empresas utilizam a taxa de juros futura no processo de apreçamento (taxa de desconto para o Valuation) e as projeções de lucratividade são levadas a longuíssimo prazo, as ações de empresas são bastantes sensíveis às alterações nas taxas de juros. Por essa tendência de antecipação dos eventos futuros pelo mercado financeiro, podemos entender que grande parte dos riscos oriundos do ambiente econômico descritos neste texto podem estar contidos nos preços dos ativos atualmente. Dito de outra forma, o mercado não espera o ano calendário para executar movimentações, todos os dias as expectativas de eventos futuros são incorporadas nos preços dos ativos.
Dado que há uma percepção de risco elevado, os ativos estão sendo negociados abaixo do padrão histórico, sob várias óticas de análise, e isso é bastante perceptível no caso da bolsa de valores brasileira. Levando em conta as estimativas de lucratividade das empresas que compõem o Ibovespa, para os próximos 12 meses é esperado que a média da razão entre os preços das ações e seus respectivos lucros anuais esteja sendo negociada em um múltiplo de 10 vezes.
Quando olhamos para o passado, observa-se que o padrão histórico de negociação da bolsa brasileira é de uma relação de 14 vezes o lucro das empresas. Este indicador por si só não é suficiente para conclusões, mas é um indicador relevante de como a bolsa brasileira pode estar descontada em relação ao seu padrão de negociação. Como exemplo de comparação, a bolsa americana negocia em múltiplos acima de 30. Caso nenhuma catástrofe epidemiológica ocorra, se os juros não forem além dos patamares onde estão e haja melhora no ambiente político-institucional, é esperado que a bolsa caminhe para os seus padrões históricos de negociação. As dúvidas de boa parte do mercado acabam sendo: qual será o ritmo de ajuste? Mais cedo ou mais tarde? Antes ou depois das eleições deste ano?
Para saber mais sobre a governança dos investimentos aqui na Vexty e como buscamos por meio de uma gestão eficiente e segura dos recursos do Plano administrados por nós, basta acessar os nossos diversos canais de comunicação e informação.
Indicadores:
– CDI: Conforme o CDI (Certificado de Depósito Interbancário). Taxa de juros de referência para operações financeiras (principalmente de curto prazo).
– Títulos Inflação: Conforme IMA-B. Índice apurado pela Anbima, que reflete o desempenho dos Títulos Públicos atrelados ao IPCA, independentemente do prazo de vencimento.
– Prefixados: Conforme IRF-M. Índice apurado pela Anbima, formado por títulos públicos prefixados, que são as LTNs (Letras do Tesouro Nacional ou Tesouro Prefixado) e NTN-Fs (Notas do Tesouro Nacional – Série F ou Tesouro Prefixado com Juros Semestrais).
– Multimercado: Conforme IFMM-A. Índice apurado pelo banco BTG, que mede o comportamento dos Fundos de Investimentos de Multimercado no Brasil.
– Ações Brasil: Conforme IBOV (Ibovespa). Índice apurado pela B3, que mede o desempenho das ações de empresas com grande volume de negociação na Bolsa de Valores oficial do Brasil
– SmallCaps Brasil: Conforme SMLL. Índice apurado pela B3, que mede o desempenho médio das cotações dos ativos de uma carteira composta pelas empresas de menor capitalização em negociação na Bolsa de Valores oficial do Brasil
– Ações Mundo: Conforme MSCI ACWI. Índice apurado pela Morgan Stanley, que mede o desempenho das ações nos mercados desenvolvidos e emergentes.
– Ações Mercados Emergentes: Conforme MSCI EM. Índice apurado pela Morgan Stanley, que mede o desempenho das ações nos mercados emergentes.
– Debêntures: Conforme IDA Geral. Índice apurado pela Anbima, que espelha o comportamento de uma carteira de dívida privada, mais especificamente das debêntures.
– Dólar: Conforme variação do Dólar Americano (compra)
– Ouro: Conforme iShares S&P/TSX Global Gold Index
– Imobiliário: Conforme IFIX. Índice apurado pela B3, que reflete o desempenho médio das cotações dos fundos imobiliários negociados nos mercados de bolsa e de balcão organizado da B3.
– IPCA: Conforme Índice de Preços ao Consumidor Amplo apurado pelo IBGE
Estar sempre atualizado(a) sobre o desempenho dos seus investimentos. Vexty. Com certeza.
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