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Brasil precisa investir na criação de uma cultura de produtividade
DATA: 28/07/2022
“Da mesma forma que foi criada uma cultura de segurança nas últimas décadas, é preciso criar uma jornada de produtividade, pensada durante todas as etapas de um evento”. Foi com essa afirmação que Carlos Caldas, professor do Departamento de Engenharia Civil, Arquitetônica e Ambiental da Universidade do Texas, em Austin, encerrou sua apresentação no Seminário de Produtividade em Obras, realizado pela Tenenge Engenharia na manhã de hoje (28/07), no Senai-Cimatec 3, em Salvador.
Questionado sobre o nível de produtividade do Brasil em comparação com outros países desenvolvidos, o especialista foi taxativo que as principais oportunidades estão na característica da mão de obra e no planejamento integrado.
“É muito difícil comparar produtividade de país para país, mas arrisco dizer que a produtividade no Brasil é mais baixa se comparada com as melhores práticas mundiais. A característica de nossa mão de obra é menos multitarefa. Além disso, em geral, temos mais trabalhadores atuando em nossos canteiros do que nas obras observadas em pesquisas que realizamos nos EUA e Singapura”, revelou Caldas.
Outro mantra defendido pelo professor é que a observação dos canteiros é tarefa fundamental para o aumento da produtividade. “É preciso identificar oportunidades de melhoria e agir. Para isso, é fundamental mais integração entre contratante e contratada no planejamento das obras, desde o início até sua fase de execução. É preciso desenvolver e acompanhar métricas, garantindo mais coordenação e comunicação no nível dos processos, e isso não envolve grandes custos”, sentenciou o especialista, que é membro do Conselho da Associação Internacional de Automação e Robótica na Construção.
Melhores práticas
A programação do Seminário foi aberta por José Vinícius Vieira, da Tenenge Engenharia, que falou sobre “Saúde, Segurança e Meio Ambiente”. Em sua fala, Vieira ressaltou que existe uma correlação muito grande entre a produtividade de uma empresa e a Segurança do Trabalho.
“Quanto mais seguro é um ambiente, menor é o número de acidentes, de doenças ocupacionais, de perdas materiais e também de problemas com clientes e órgãos de fiscalização de saúde, segurança e meio ambiente. Consequentemente, diminuímos os riscos de afastamentos, gastos com empregados licenciados, embargos e substituição de máquinas e equipamentos”, resumiu.
Alejandro Castaño, diretor de Contratos da Tenenge Engenharia, abordou o aspecto humano na produtividade, além de exemplos de processos e ferramentas disponibilizados pelo CII – Construction Industry Institute, entidade baseada na Universidade do Texas (EUA).
“Tempo de ‘mão na ferramenta’ não adianta nada sem qualidade e planejamento. Em resumo, produtividade serve para reduzir prazo e custo de uma obra e, para isso, é preciso qualidade”, afirmou Castaño.
Na sequência, Luis Mario Cunha Garcia Chavez, responsável pela área Corporativa de Confiabilidade e Estratégia de Manutenção da Braskem, falou sobre “Melhoria da Produtividade”.
Chavez falou sobre a visão da Braskem no tema da produtividade na manutenção, lastreada em quatro pilares: manutenção de rotina, paradas de manutenção, novas tecnologias e pessoas. “Nossa visão está construída em contratos de longo prazo baseados em desempenho, apoiados em soluções digitais, padrões e procedimentos”, revelou o executivo da Braskem.
Durante sua palestra, Chavez compartilhou as novas tecnologias implantadas em 2021 e as que estão em implantação em 2022 pela companhia, a exemplo de robôs para inspeção de linhas enterradas, disponível em carro autônomo, ou drones que acompanham limpezas de tanques. “São muitas as tecnologias e soluções digitais que podemos utilizar em prol da produtividade e da segurança”, concluiu.
O Seminário de Produtividade foi encerrado com a palestra sobre “Indústria 4.0”, realizada por Herman Lepikson, Pesquisador Líder do Instituto Senai de Inovação em Logística e Automação da Produção e Professor Titular no Centro Universitário Senai-Cimatec. As mudanças de paradigmas na sociedade digital nortearam a abordagem feita pelo professor. “O mundo está explodindo e nossa indústria precisa se ver dentro disso”, testificou o engenheiro mecânico.
O desafio da atração e qualificação da mão de obra foi classificado por Herman como estratégico para a nova era que chamou de “manufatura digital integrada”. “Precisamos ajustar o pensamento de ‘mão de obra para mente de obra’. Além disso, é fundamental absorver as novas tecnologias, caso contrário, seremos sempre reféns das novas invenções”, garantiu.
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