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  • Riscos e oportunidades para o agronegócio brasileiro

    DATA: 06/02/2024

    Publicado por: Horiens

    Especialistas avaliam aspectos que pressionam a produção agrícola brasileira e de que forma esses fatores se conectam com as propostas de proteção da Horiens

    O mês de novembro de 2023 ficou marcado por uma onda de calor que atingiu principalmente as regiões Sudeste e Centro-Oeste do Brasil. De acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), órgão vinculado ao Ministério da Agricultura e Pecuária, mais de 2,7 mil municípios foram afetados, o que significa que ficaram ao longo de pelo menos cinco dias com as temperaturas 5ºC acima da média esperada para o mês. O fenômeno El Niño e o aquecimento global são apontados como as principais causa dessas mudanças de temperatura.

    Muito se fala a respeito do impacto das mudanças climáticas na agricultura. Para discutir como o setor pode se preparar para fazer frente aos novos desafios, reunimos especialistas da Horiens para este bate-papo, que marca a estreia da série “Enxergando além”.

    Das últimas atualizações do setor, que vocês têm visto em notícias e eventos do mercado, quais são os pontos de atenção para o agronegócio a curto e médio prazo?

    Márcio dos Santos (Líder do laboratório de análise de riscos da Horiens, o Risk Labs) – Existem duas tendências bastante claras e é válido observar que elas são antagônicas. Por um lado, é bastante evidente o impacto das mudanças climáticas na agricultura e na produtividade. Ao mesmo tempo, existe um aumento da demanda por alimentos, puxado por fatores como o crescimento populacional, o aumento no consumo per capita e na renda per capita. As mudanças climáticas puxam a produção para baixo, principalmente de grãos, enquanto o segundo fator pressiona para cima.

    Francisco Paladino (Gerente de Riscos e Seguros na Horiens) – A Embrapa tem um estudo bastante interessante chamado “Visão 2030: O Futuro da Agricultura Brasileira” (clique aqui para acessar). O levantamento mostra que a agricultura brasileira terá um papel de protagonismo nos próximos anos. Nas últimas cinco décadas, o país passou de importador de alimentos para um dos mais importantes produtores e exportadores mundiais, alimentando aproximadamente 1,5 bilhão de pessoas no mundo. Este mesmo documento traz a Mudança do Clima como uma das sete megatendências que impactarão o setor agrícola.

    Recentemente, a consultoria Datagro elevou para 4,36 milhões de toneladas sua estimativa de déficit no balanço mundial de açúcar da safra 2023/24 devido aos impactos do fenômeno El Niño. De que forma esta projeção impacta o setor sucroenergético brasileiro?

    Francisco – O déficit de açúcar no mundo já existe atualmente. Nos últimos três anos, houve a necessidade de queimar estoque de açúcar.  Agora com a decisão da Índia, que é um dos principais players mundiais, de diminuir a exportação de açúcar para focar na produção de etanol e o Programa Proálcool deles, haverá um rombo ainda maior de açúcar no mundo. É uma grande oportunidade para as usinas brasileiras, que têm ociosidade de capacidade produtiva. O gargalo no Brasil vem sendo produtividade agrícola e área plantada, não capacidade industrial.

    Outro ponto importante como contexto global é que Rússia e Ucrânia são grandes produtores de fertilizantes e a guerra entre eles fez o preço desta commodity subir demais. Então, a cadeia produtiva no setor agrícola segue apertada. Os produtores não têm muita margem para erro. Se tomam financiamento bancário para rodar a safra, a margem é apertada. Esse é um fator adicional para a gestão de risco. O preço alto do fertilizante nos últimos anos fez com que muitas usinas evitassem reformar seus canaviais da maneira mais adequada, o que traz uma perda de produtividade por manejo e acaba impactando a sinistralidade do seguro agrícola tradicional.

    O seguro agrícola tradicional é suficiente para trazer proteção ao produtor?

    Ingrid Gregório (Gerente de Riscos e Seguros na Horiens) – Os riscos climáticos estão entre os riscos mais impactantes para o produtor rural. Nesse contexto é importante mencionar o Agrymetric (clique aqui e saiba mais), seguro paramétrico diferenciado, que protege o produtor do risco climático, ou seja, com base em uma análise de dados detalhada, vai focar no risco climático mesmo, que é a incerteza, porque manejo o produtor sabe se está fazendo da forma correta ou não.

    Francisco – É importante mostrarmos claramente essa diferença entre seguros tradicionais agrícolas e o paramétrico. O próprio material da Embrapa que citamos anteriormente mostra a necessidade de melhorar a transferência de risco. O paramétrico é uma inovação que responde a essa demanda do mercado agro. Isso tem ficado cada vez mais claro para o mercado segurador e, também, para os produtores. O grande ponto do Agrymetric é que conseguimos endereçar um seguro para riscos climáticos baseado em dados, modelos estatísticos e análise preditiva, ou seja, é um produto de seguros de alta precisão, o que é ótimo para todas as partes envolvidas – segurado e seguradora.

    Márcio – Tem uma questão de oportunidade para proteger o negócio. A solução de seguros que existia no passado não atendia plenamente. Aí entra o Agrymetric, que é uma solução que atende ao interesse do negócio e está disponível. A exportação de açúcar já foi um tema complexo para o setor de seguros em um passado relativamente recente, principalmente de Garantias, porque o açúcar que estava em Garantia sumia quando os preços internacionais aumentavam. Hoje temos um cenário de oportunidade para o mercado brasileiro como um todo.

    É importante mencionar também cana não será a cultura mais impactada pela mudança climática, de acordo com o levantamento da Embrapa. Deve ser a única exceção entre os cultivos brasileiros que pode até ter um aumento na produtividade até 2050. Todo o resto, incluindo soja e milho, deverá ter queda de produtividade, chegando até a 50% no caso de alguns grãos.

    O Agrymetric é exclusivo para a cana-de-açúcar ou se aplica a outras culturas?

    Ingrid – A atuação não é de forma alguma restrita à cana. Há muitas outras culturas parametrizáveis.  A soja é um bom exemplo. Mas falamos bastante da cana porque temos muita experiência com essa cultura na Horiens. Em 2022, fizemos a maior apólice de seguros do Brasil para cana-de-açúcar (saiba mais em nossos cases: clique aqui)

    O que vocês enxergam de perspectivas futuras para o agronegócio brasileiro?

    Márcio – O horizonte é muito promissor. Para o setor sucroenergético, por exemplo, teremos uma revolução com a reforma de etanol para a produção de hidrogênio. Ainda não sabemos de que forma isso vai acontecer. Mas até anos atrás era um setor que sofria demais, porque dependia muito do preço da gasolina, que era controlado artificialmente. Agora é um setor que já tem mais capital, inclusive grandes grupos internacionais de olho em aquisições. A tendência ESG e a metas de descarbonização da economia também ajudam a impulsionar o setor. Nessa questão ambiental o Brasil está muito na frente de outros países.

    Ingrid – Várias usinas estão no processo de adaptação para o etanol de milho, até como forma de aproveitar o período da entressafra, de dezembro a março, mas também para virar parte da produção para o açúcar. O preço da gasolina é sempre uma incógnita. O açúcar apresenta um futuro promissor para o mercado sucroenergético brasileiro.

    Francisco – Quando olhamos para os riscos também em outros segmentos do agronegócio, temos observado o aumento do confinamento de gado. O Brasil sempre foi um país de pastagem extensiva. Com a falta de abundância de terra, os produtores estão começando a aumentar o confinamento para fazer a engorda final. Nos Estados Unidos, quase 90% do gado antes de ser abatido é confinado. No Brasil 10%, mas está aumentando rapidamente. E o confinamento de gado traz uma série de riscos para o rebanho, tais como de doenças, queda de raios e incêndios. O seguro pecuário tende a se desenvolver nos próximos anos. O aumento de demanda por proteína animal é uma tendência de consumo que vai ao encontro disso.

    Ingrid – O Brasil tem um potencial gigantesco de se posicionar cada vez mais como o principal celeiro de alimentos para o mundo. O país possui condições climáticas favoráveis, disponibilidade de recursos naturais e está bem posicionado como potência agrícola comprometida com a preservação ambiental.

    Quer conversar mais com o time Horiens sobre gestão de riscos para o agronegócio? Entre em contato conosco: /contato/. Será um prazer aprofundar esse diálogo.

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