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“Quero estudar para ajudar a minha família”
DATA: 07/07/2023
O adolescente William de Jesus está em formação em uma das escolas rurais parceiras da Fundação Norberto Odebrecht
Jogar futebol com os amigos, estudar, conviver com a família, se divertir com jogos online. A rotina de William Santos de Jesus, 17 anos, inclui coisas comuns a muitos adolescentes. Mas com uma diferença para muitos jovens que vivem na cidade: ele mora com o pai, a mãe e o irmão caçula em uma propriedade rural na comunidade de Corte de Pedra, no município de Presidente Tancredo Neves (BA). Foi neste ambiente que, entre os pés de cacau e de banana, o auxílio dado ao pai no dia a dia se transformou em um objetivo de vida. Ou melhor: em uma vocação e um caminho para ter mais qualidade de vida.
E essa vocação tem tido um lugar no qual se fortalecer: a Casa Familiar Rural de Presidente Tancredo Neves (CFR-PTN), escola rural parceira da Fundação Norberto Odebrecht, onde William está no 1ª ano de formação no curso técnico em Agropecuária integrado ao Ensino Médio. Para o menino, estar na escola é uma oportunidade de se desenvolver e poder atuar como produtor rural. “Eu via que muita gente que trabalhava no campo não tinha muita qualidade de vida, e queria mudar isso”, conta ele. “E como sou um dos poucos que teve a oportunidade de ter educação de qualidade na minha família, estou tentando fazer jus a isso”, diz.
Superação
A vontade de orgulhar a família também vem da lembrança de momentos difíceis. Com 8 filhos, os pais de William – Silvaneide dos Santos e Jailton de Jesus – tiveram que trabalhar muito para dar boas condições de vida a todos. A situação precária de moradia que a família já viveu, por exemplo, marca a memória de seu Jailton. “Quando chovia era muito tenso. William tinha 4 ou 5 anos e eu o carregava nos braços durante a noite, quando a casa alagava, para que ele não acordasse. Eu lutei muito para criar esta família, então considero tudo isso um incentivo para aproveitar todas as oportunidades”, conta o pai do jovem.
Com uma melhora na renda, a família pôde construir uma casa de alvenaria na parte alta do terreno. E agora, William espera que o acesso à educação de qualidade seja o caminho para incrementar ainda mais a qualidade de vida da família – e dar de volta todo o apoio que recebeu de seus pais. “Acho que todo filho quer poder dar um pouco para a mãe, o pai, os irmãos…”, diz ele. “Na CFR-PTN, já pudemos conversar com jovens que se formaram na escola, e eles contaram sobre como também passaram por dificuldades, mas conseguiram vencer. É isso que eu quero fazer: estudar para me manter e ajudar minha família”, afirma William.
Agricultor em formação
Com os chamados Projetos Educativo-Produtivos (PEPs), William começou a criar suínos na propriedade da família. Os PEPs funcionam como uma espécie de capital semente: o jovem recebeu da Casa Familiar todos os insumos necessários para implementar a iniciativa – neste caso, os leitões e a ração para alimentá-los – e recebe periodicamente visitas de monitores para apoiá-lo na criação.
Em cerca de 3 meses, quando os porcos puderem ser vendidos, toda a renda que vem do PEP poderá ser usada livremente por William e sua família: tanto para acessar mais educação, saúde, lazer e alimentação, quanto para reinvestir na própria criação de suínos.
Os PEPs também são uma oportunidade para que o jovem possa ter protagonismo: nele, Willian é o principal responsável por gerenciar o projeto e se capacitar para que ele dê certo. E esse protagonismo já está sendo reconhecido: “um monte de gente da cidade vem e pede informação para mim. Outro dia, veio um homem pedindo para eu fazer uma análise de solo, depois meu vizinho pediu a mesma coisa… se eu souber, eu sempre respondo. E se eu não souber, eu tento encontrar alguém que saiba”, diz o jovem.
Esperança
Com mais dois anos de formação e muito estudo pela frente, William sabe que o esforço até se tornar um agricultor familiar de sucesso será grande. Mas ele não se intimida. Junto a seus colegas e professores, William já é reconhecido pela capacidade de manter o bom humor mesmo diante das adversidades. “Se a gente não cuidar do psicológico da gente… não dá certo”, diz ele. “A gente não pode ficar com raiva, ficar triste. Temos que ser alegres sempre [para fazer acontecer]”, opina.
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