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Os desafios das empresas brasileiras para se tornarem mais transparentes
DATA: 08/03/2018
Recentemente, a Odebrecht e outras 8 empresas brasileiras receberam pontuação máxima pela transparência na divulgação de seus programas anticorrupção. Essa pontuação é parte dos resultados de um estudo elaborado pela ONG Transparência Internacional (TI), principal organização dedicada ao tema de combate à corrupção no mundo, com mais de 20 anos de atuação e presença em mais de 100 países.
Desde 2012, a TI vem publicando uma série de estudos sobre a transparência nos relatórios corporativos das empresas em diversos países. Para isso, usa informações públicas das empresas segundo três dimensões de avaliação: a divulgação das políticas, compromissos e diretrizes anticorrupção, a transparência na divulgação das estruturas societárias dos grupos empresariais e as informações financeiras relativas a cada país de atuação. Nossa pontuação nos 2 critérios da transparência das estruturas e dos resultados país a país ainda é baixa e nos orienta onde devemos melhorar.
Para entender melhor o panorama do setor empresarial brasileiro, destacamos 5 fatos interessantes trazidos pelo estudo da Transparência Internacional:
1) Numa escala de 0 a 10, a média das empresas pesquisadas nas três dimensões foi de 5,7. O estudo analisou 15 setores empresariais. O setor de energia elétrica foi o que obteve melhor pontuação média (7,7), seguido por papel e celulose (7,5), transporte e logística (6,8), TI e telecomunicação (6,7), bancos (6,7) e engenharia e construção (6,6).
2) Na avaliação dos programas anticorrupção, o setor de engenharia e construção teve a maior pontuação – de 9,1 para uma média de 6,5 do conjunto dos 15 setores avaliados –, o que reflete os compromissos dessas empresas em fortalecer seus programas de conformidade.
3) A dimensão que avalia a divulgação de demonstrações financeiras por país de operação é a que tem pior avaliação, puxando para baixo a pontuação das empresas multinacionais para uma média de 4,5 nas 3 dimensões. Mais da metade dessas empresas teve nota inferior a 5 e nenhuma obteve pontuação acima de 7,5.
4) A Odebrecht ficou com pontuação média de 5,0 no índice geral das três dimensões. Esta pontuação resulta da composição da avaliação máxima de 10 pelo programa anticorrupção, de 5,0 na dimensão da transparência nas estruturas organizacionais, e de 0 no quesito de divulgação das demonstrações financeiras por país. A nota 0 decorre do fato de que atualmente as nossas demonstrações financeiras são divulgadas por Negócio, e não por país.
5) Apesar do resultado geral ainda ter muito espaço para evolução, o desempenho das empresas brasileiras com a avaliação de 5,7 foi melhor do que o desempenho equivalente da média das empresas dos mercados emergentes divulgado em 2016, cujo resultado foi de 3,4.
De acordo com a Transparência Internacional, assumir institucionalmente compromissos e posturas públicas transparentes gera um círculo virtuoso. Empresas transparentes debruçam sobre suas práticas, são levadas a se autoavaliar com mais frequência e sujeitam-se ao crivo externo — o que estimula melhorias!
#NãoPodeFicarNoPapel
A hashtag criada pela Transparência Internacional resume bem uma questão crucial: a importância de levar a teoria à prática. A experiência da ONG constata que a publicação de informações relacionadas às três dimensões do estudo é um passo fundamental para as empresas transformarem seus ambientes, mas apenas o primeiro.
Quando uma empresa divulga em detalhes seu programa anticorrupção, por exemplo, assume um compromisso público: qualquer parte interessada (funcionário, cliente, investidor, regulador, público em geral) terá elementos para acompanhar como os compromissos estão sendo levados adiante e poderá exercer pressão para que isso de fato ocorra. Portanto, não pode ficar só no papel.
“Assumimos o compromisso de evoluir e isso passa por avançar em todos os temas pautados pela Transparência Internacional. Estudos como este nos ajudam a comunicar melhor nossos avanços e nos orientam sobre as prioridades para seguir adiante. Nos permitem também autoavaliarmos com referência às melhores práticas e a nosso posicionamento no mercado. Mesmo quando alcançamos uma boa nota, como no programa anticorrupção, devemos nos preparar para um próximo nível. O nosso compromisso é evoluir em todas as frentes, o que naturalmente será refletido nos resultados de pesquisas como a da Transparência Internacional”, explica Sergio Leão, responsável por Sustentabilidade na Odebrecht S.A..
Para conhecer o estudo completo, acesse: http://transparenciacorporativa.org.br/trac2018/
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