Odebrecht Previdência quer cobertura para risco de longevidade

A Odebrecht Previdência está em busca de parceria com seguradora para oferecer aos seus participantes uma garantia de continuidade no recebimento dos benefícios em caso de viverem mais do que a média projetada pelas tábuas atuariais dos planos de Contribuição Definida (CD). Nesses casos, o seguro pós-aposentadoria seria um complemento a ser pago ao participante quando os recursos acumulados em seu saldo de conta se esgotarem, o que deve acontecer em média 20 anos após o início dos pagamentos. “Quando o participante chegar aos 85, calculamos que o dinheiro acumulado no Plano de Contribuição Definida deve acabar. Queremos oferecer um seguro que iria protegê-lo dos 85 em diante, pelo tempo que sobreviver”, diz o presidente da Odebrecht Previdência, Sérgio Brinckmann.

O produto é estudado pela entidade desde 2015, quando a Odebrecht Previdência conversou com a corretora da própria Odebrecht e com as patrocinadoras, que arcariam com os custos do produto. Na época, o fundo de pensão também buscou seguradoras que pudessem implementar o produto, mas a Superintendência de Seguros Privados (Susep) havia divulgado há pouco tempo consulta pública para regulamentar esse tipo de cobertura, o que fez com que a entidade esperasse um pouco mais antes de levar o projeto adiante.

Na época, foram procuradas Itaú, Icatu, Sulamérica e Ace. “Vamos rever o modelo que já estudamos para avaliar se faz sentido mantê-lo ou se vamos propor melhorias, e chamaremos as seguradoras para conversar de novo. Vamos pedir uma proposta para três delas e ver qual seria o prêmio. A ideia é iniciar as conversas novamente em 2019”, destaca o diretor de administração da Odebrecht Previdência, André Luis Suaide.

Menos risco e mais acumulação – Apesar de não se tratar de um produto de transferência de risco da entidade para uma seguradora, o que a Odebrecht Previdência pretende com essa cobertura é tirar do próprio participante o risco de uma sobrevida com os recursos do plano CD zerados. “Queremos dar essa alternativa de contratação de uma seguradora pensando no momento em que terminar o saldo do participante na conta”, diz o diretor de investimentos da Odebrecht Previdência, Gustavo Liberali.

Para que a contratação desse produto seja vantajosa ao participante, o percentual de acumulação no plano de contribuição definida deve ser maior do que a média realizada atualmente, explica André Suaide. Segundo ele, o participante deve fazer um esforço maior para se aposentar com recursos correspondentes a 70% do salário. “A ideia é que tenha um fator que reduza a indenização do participante, atrelado ao percentual de contribuição nos últimos 10 anos e dividido por 12”, diz.

Com base nesse cálculo, quanto menor o percentual contributivo do participante durante a carreira, menor a indenização após a aposentadoria. “Isso pode ser visto como um penalizador, mas vemos como um incentivo para que a pessoa aumente a contribuição visando o pós-carreira”, destaca Suaide. “Queremos estimular que a pessoa contribua com o máximo, que seria 12% do seu salário”, complementa, dizendo que hoje a média contributiva dos participantes ao plano CD é de 8%.

Contratação – De acordo com os diretores da Odebrecht Previdência, a ideia é que o produto seja custeado pelas patrocinadoras da entidade. Caso o planejamento seja direcionado desta maneira, é esperada uma migração em massa dos participantes ao seguro. A Odebrecht Previdência possui 16 mil participantes ativos, com menos de 60 anos. “Se o produto não for bancado pela patrocinadora, seria uma adesão voluntária de cada participante, o que demoraria mais tempo”, diz Gustavo Liberali. Para André Suaide, do ponto de vista das seguradoras, oferecer esse produto é vantajoso, pois vai garantir pagamento de prêmio durante 20 anos.