A Vexty realizou, na noite de 13/11, no edifício sede da Entidade, em São Paulo, um evento para celebrar...
Inflação
DATA: 21/12/2021
Infelizmente, todos nós temos observado e sofrido na pele ou, melhor, no bolso, o perverso efeito de perda de poder aquisitivo causado pela inflação. Um fenômeno econômico que tem um longo histórico de prejuízo à economia brasileira, ressurgiu com força neste ano e tem causado mal-estar na sociedade em função da forte queda do poder de compra que tem provocado na renda do brasileiro.
O Índice de Preços ao Consumidor Amplo – IPCA (medido pelo IBGE) do mês de outubro deste ano, com variação positiva de 1,25%, foi o maior índice para o mês desde o ano de 2002. O resultado fez o índice acumular alta de 8,24% no ano e de 10,67% nos últimos 12 meses. O Índice Geral de Preços ao Mercado – IGP-M (apurado pela FGV), índice com representatividade maior dos preços do mercado atacadista e que possui maior sensibilidade à variação do câmbio, acumula alta de 16,74% no ano e de 21,73% no acumulado em 12 meses. As expectativas do Relatório Focus do BC apontam para um IPCA de 10,05% e um IGP-M de 17,47% para este ano de 2021.
Para combater a inflação, o Banco Central, por meio do Comitê de Política Monetária (Copom), tem executado uma política restritiva desde a reunião de março deste ano, elevando a taxa Selic do patamar de 2% para 9,25% ao ano. Segundo dados coletados pelo Banco de Compensações Internacionais (BIS)*, o BC brasileiro está entre as 14 autoridades (de um total de 32) que já começaram a elevar a taxa básica de juros para reverter parte do estímulo adotado durante a pandemia. A projeção é que a Selic fique próxima de 12% e o IPCA ligeiramente acima de 5% no ano que vem.
Números do BIS e de outros órgãos internacionais também mostram que o ritmo de alta dos juros brasileiros é o maior entre todos aqueles analisados e que o Brasil está entre as três economias com inflação mais elevada no acumulado em 12 meses (10,7%), atrás apenas da Argentina (52,0%) e da Turquia (19,9%). O país também voltou a liderar o ranking de juros reais.
Mas, afinal, o que tem causado a persistente alta dos preços?
Podemos resumir em três principais fatores: gargalos de oferta devidos aos choques de produção causados pela interrupção da atividade produtiva durante a pandemia; crise no mercado de energia mundial e; rápida recuperação da demanda com os programas de auxílio de renda.
Há relatos de falta de componentes em vários setores da economia, como por exemplo, no importante mercado de semicondutores. Esta escassez de peças, componentes e matérias primas tem causado impacto em diversas indústrias e prejudicando a retomada da produção aos níveis observados no período pré-pandemia.
Contribuindo negativamente a esta conjuntura, a oferta de energia reagiu com lentidão à retomada da demanda e, face à uma forte retração dos investimentos no setor, devido às incertezas da economia global e ao baixo interesse dos investidores em empresas de energia baseadas em combustíveis fósseis, os preços dessas commodities têm se mantido em patamares elevados. O gás, por exemplo, está com o preço 4 vezes acima daquele observado no início de 2019. A cotação do petróleo bruto Brent, tido como referência mundial, superou recentemente a marca de US$ 85 por barril – o nível máximo nos últimos sete anos. Em razão dessa dinâmica, principalmente, observamos os preços de combustíveis subirem 7,74% em novembro e acumularem variação de 50,43% em 2021 e de 52,77% em 12 meses.
Economistas têm demonstrado dificuldade de prever o momento em que haverá uma melhora mais expressiva dos gargalos nas cadeias produtivas globais, o que turva cenários de atividade, principalmente para a indústria, e de inflação no Brasil neste e no próximo ano.
Passados quase 2 anos desde que os países implementaram as primeiras medidas de restrição em razão da pandemia, as cadeias mundiais de produção ainda não se recuperaram completamente, e, na verdade, novos surtos da Covid-19, como os casos recentes da variante Ômicron, aumentam as incertezas em relação a este tema já bastante complexo.
Mesmo assim, colocando sob hipótese de que não haverá piora no quadro da pandemia, parece haver consenso entre os analistas de que, o mais provável, é observarmos a normalização efetiva, porém gradual, da atividade econômica em meados de 2022.
Em relação à demanda, os enormes programas de estímulo fiscal e auxílio emergencial criados durante a pandemia estão sendo retirados na maioria das economias, causando projeções de arrefecimento da demanda, sobretudo global, o que pode ajudar a reduzir o descasamento entre oferta e demanda e, portanto, contribuir para a melhora do quadro inflacionário.
As projeções da OCDE para o Brasil apontam para uma expansão do PIB de 5% em 2021 e de 1,4% em 2022, com risco de forte desaceleração e bem abaixo da média global de 4,5%, representando o menor indicador entre os países do G20. A economia brasileira também deverá crescer menos em 2022 do que a de vários países da América Latina, como a Argentina (2,5%), Chile (2%), Colômbia (5,5%), Costa Rica (3,9%) e México (3,3%). As projeções da OCDE para o Brasil, no entanto, seguem mais otimistas do que as do mercado financeiro brasileiro. Segundo a última pesquisa Focus do Banco Central, a média das estimativas apontam para uma alta de 4,8% do PIB em 2021 e de apenas 0,58% em 2022.
Portanto, com um cenário bastante desafiador, adentraremos o ano de 2022 ainda com muitas dúvidas no horizonte e desequilíbrios relevantes nas cadeias produtivas. No entanto, olhando o outro lado da moeda, teremos um mercado com oportunidades interessantes de investimentos, caso não haja deterioração da pandemia, uma vez que a maioria dos preços dos ativos ainda incorporam grande parte das incertezas relacionadas a este tema.
*O BIS coordena diversos comitês dos quais o BC brasileiro é representante ativo, como o Comitê da Basileia de Supervisão Bancária, o Comitê do Sistema Financeiro Global, o Comitê de Pagamentos e Infraestruturas de Mercado e o Comitê de Mercados.
Estar sempre informado(a) sobre os seus investimentos. Vexty. Com certeza.
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