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Como estamos nos relacionando com nossos fornecedores?
DATA: 11/09/2017
O que faz uma empresa ser reconhecida pela transparência na forma como se relaciona com clientes e fornecedores? Sem dúvidas, a postura de seus profissionais, discernindo o certo do errado. Mas outro aspecto é fundamental, sobretudo para que as decisões do dia a dia possam ser amparadas em critérios. Esse aspecto tem a ver com planejamento.
E esse planejamento tem um termo específico: due diligence. Na prática, é o processo de investigação que se conduz para saber se uma oportunidade de negócio não trará riscos legais ou de reputação para a imagem de uma empresa. Embora possa ser conduzido por obrigação legal, due diligence refere-se normalmente a investigações voluntárias e preventivas.
Nos últimos meses, todos os Negócios do Grupo Odebrecht vêm aperfeiçoando seu due diligence para avaliar novos contratos e outros já existentes. “Para nós, tem sido um processo de muita aprendizagem, que estabeleceu uma série de novas etapas que estão exigindo das áreas um pouco mais de planejamento. O tempo de cadastrar, homologar e aprovar um terceiro hoje é um pouco maior”, explica Everson Zaczuk Bassinello, Chief Compliance Officer (CCO) da Braskem.
O CCO explica que já existia uma análise das empresas parceiras, mas essa análise não aprofundava no quesito Integridade. Com a reformulação do processo, cerca de 1,3 mil fornecedores vêm sendo avaliados, por critérios como vínculo político, mídia adversa, listas restritivas, litígios e conflito de interesses. Os grupos são separados por níveis de risco – sendo que, no nível maior, podem ser aconselhados a passar por uma auditoria in loco ou bloqueados, em último caso.
Na prática
Em outros Negócios, o processo segue de maneira parecida. Na Odebrecht Óleo e Gás, o modelo foi implantado inicialmente na Unidade de Negócio – Perfuração (UN-P), que concentra 90% das contratações da empresa. A avaliação engloba diferentes grupos, como empresas de consultoria, fornecedores de materiais (como equipamentos, peças de reposição e EPIs) e prestadores de serviços (que cuidam do transporte, alimentação e alojamento de integrantes).
Bernardo Façanha, responsável por Suprimentos na UN-P, explica que cerca de 25% dos fornecedores já foram reprovados, com possibilidade de serem reincorporados caso se adequem às novas exigências. “Antes, bastava termos a razão social e o CNPJ da empresa. Agora seguimos outro padrão, que avalia, por exemplo, quais são os atributos em saúde, segurança do trabalho e meio ambiente. Além disso, não adianta ter um nível técnico de excelência se a empresa não seguir corretamente as diretrizes de Conformidade”.
Para Bernardo, a sinergia de diferentes equipes, como Conformidade, Financeiro, Sustentabilidade e Tecnologia da Informação têm sido fundamental. “O aumento de critérios de avaliação diminui a velocidade na contratação, mas entendemos que isso pode ser minimizado com planejamento e oxigenação constante do nosso cadastro. Com todo esse esforço, teremos à nossa disposição fornecedores com nível técnico melhor. Isso refletirá no futuro da empresa”.
Até o fim do ano, a meta é que todos os fornecedores do Negócio tenham passado por qualificação, inclusive os que já são parceiros. “Falando com olhos de quem está na linha, de quem vê as coisas acontecerem e ganharem corpo, isso dá uma perspectiva positiva de futuro. A gente olha com otimismo, vê que o Grupo Odebrecht está disposto a mudar”.
No campo
Saindo da atividade em alto mar e desembarcando em terra, mais precisamente onde a cana-de-açúcar é transformada em etanol, energia elétrica e açúcar, os processos seguem com o mesmo objetivo: evitar que atos ilícitos e corrupção ocorram na contratação de fornecedores.
Na Odebrecht Agroindustrial, foram desenvolvidos diferentes níveis de risco no processo de homologação: baixo, médio, alto e crítico. Nos dois últimos níveis, mecanismos de controle – como auditoria presencial e envolvimento do Líder de Negócio na tomada de decisão – são acionados para a aprovação ou reprovação empresa avaliada.
Alguns critérios, no caso da Agro, são próprios da atividade e da cadeia de fornecedores do campo. Uma das avaliações, por exemplo, é se a empresa contratada possui histórico de trabalho escravo no Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). “Outro fator de risco que precisa ser avaliado é o arrendamento de terras, um ativo muitas vezes utilizado em atividades ilegais ou de origem duvidosa”, exemplifica Felipe Cabral, CCO da Odebrecht Agroindustrial.
Felipe ressalta que a avaliação dos parceiros tem sido um diferencial do Negócio, que desde 2015 aplica os conceitos de due diligence de forma mais intensa e possui um Código de Conduta específico para fornecedores. O CCO lembra que o papel da Conformidade é apontar o risco, cabendo às áreas operacionais o poder da decisão. Hoje, 52% dos fornecedores já foram aprovados. Os demais encontram-se em estágios diferentes de análise.
“Não adianta dizer que temos um processo de due diligence se nenhum fornecedor conhece esse processo. Quando eles conhecem e sentem que é eficiente, nas suas relações sociais acabam divulgando, principalmente se foram afetados de alguma forma”, lembra o CCO, que resume o momento atual em duas frases: “Não adianta só falar em Conformidade. É preciso fazer Conformidade”.
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