Inauguração da Refinaria de Cabinda marca novo ciclo energético em Angola

Hoje, 01 de setembro, foi inaugurada oficialmente pelo Presidente da República de Angola, João Manuel Gonçalves Lourenço, a Refinaria de Cabinda, obra da Odebrecht Angola e a primeira construída no país depois da independência, marcando um passo decisivo para a auto-suficiência energética e para a diversificação industrial do país.

O projeto resulta da parceria entre a Gemcorp e a Sonangol, através de uma sociedade conjunta na qual a Gemcorp detém 90% do capital e a Sonangol 10%. Na sua primeira fase, esta refinaria modular processará até 30.000 barris de crude por dia, fornecidos pela Sonangol, e duplicará a sua capacidade para 60.000 barris/dia após a conclusão da segunda fase, já em curso.

A primeira fase da Refinaria de Cabinda envolveu um investimento de 473 milhões de dólares, financiados por capitais próprios (138 milhões) e por um consórcio bancário internacional (335 milhões) composto pela Africa Finance Corporation (AFC), African Export-Import Bank (Afreximbank), Industrial Development Corporation (IDC), Arab Bank for Economic Development in Africa (BADEA) e Banco de Fomento Angola (BFA). O modelo de financiamento foi distinguido com o prêmio “Africa Oil & Gas Deal of the Year” pela Infrastructure Journal Global.

Suzana de Abreu, Governadora da Província de Cabinda, a quem coube dar as boas vindas, destacou a importância da inauguração da Refinaria para o desenvolvimento local. “A inauguração desta refinaria marca um passo decisivo para o futuro de Cabinda. Representa um motor de desenvolvimento local, capaz de impulsionar a nossa economia e de criar milhares de oportunidades de emprego para os nossos cidadãos. Este é, por isso, um projeto que simboliza a confiança no potencial da nossa província e a determinação em construir um amanhã mais próspero e inclusivo para todos”.

O Ministro dos Recursos Minerais, Petróleo e Gás, Diamantino Azevedo, afirmou que “a Refinaria de Cabinda é um projeto estruturante para a soberania energética de Angola, que garante maior valor acrescentado ao crude nacional, reduz a dependência de importações onerosas e cria emprego qualificado.” Sublinhou ainda que “este investimento reforça a confiança internacional no país e responde às prioridades estratégicas do Executivo”.

O Presidente do Conselho de Administração da Sonangol, Gaspar Martins, destacou o orgulho da empresa em participar numa parceria “que traduz em realidade a visão de um setor energético robusto e sustentável. A Refinaria de Cabinda não é apenas um ativo industrial, mas uma plataforma para o desenvolvimento de competências nacionais e para o fortalecimento da economia angolana”.

O CEO da Gemcorp Holdings, Atanas Bostandjiev, referiu que este marco demonstra que Angola é capaz de concretizar projetos de classe mundial em sectores críticos. Realçou que “o investimento da Gemcorp e a colaboração com a Sonangol e instituições financeiras de referência enviam uma mensagem inequívoca de que Angola é hoje um destino credível e competitivo para o investimento internacional”.

O CEO da Gemcorp ICS, Marcus Weyll, acrescentou que mais de 3.000 empregos diretos foram criados nesta fase inicial, com 90 empresas de Cabinda envolvidas. Destacou igualmente “a implementação de um programa intensivo de formação que já abrangeu 700 angolanos e que se estenderá a 5.000 pessoas até ao próximo ano, assegurando que a refinaria seja operada por quadros nacionais altamente qualificados”. E sublinhou ainda que a Gemcorp “não está apenas a construir uma base industrial, mas também a criar conhecimento e competências para as gerações futuras”.

Para Marcelo Hofke, CEO da Gemcorp Angola, “esta refinaria nasce com a missão de servir Angola e os angolanos, garantindo o abastecimento energético com padrões de excelência internacional. O nosso compromisso é assegurar uma operação eficiente, sustentável e capaz de responder às necessidades crescentes do mercado, consolidando Cabinda como um polo industrial de referência no continente africano”.

A refinaria vai produzir gasóleo, combustível para aviação, fuelóleo pesado e nafta, produtos críticos para a mobilidade, energia e indústria. Estima-se que a sua operação permita poupar centenas de milhões de dólares anuais em importações, preservar divisas e aumentar a segurança energética nacional.

Durante a construção foram registadas mais de 14 milhões de horas-homens sem acidentes, instalados 385 km de cabos, 158 km de tubagens e mais de 15.000 toneladas de aço, confirmando a dimensão técnica do empreendimento.

O projeto contou com a colaboração de 200 empresas angolanas e de mais de 500 empresas de 15 países, representando um esforço logístico e de engenharia de elevada complexidade.

A Refinaria de Cabinda integra tecnologias de última geração, incluindo uma unidade de eliminação total de flaring, em conformidade com os mais exigentes padrões internacionais de segurança, eficiência e sustentabilidade ambiental.

A cerimónia inaugural contou com a presença da Primeira-Dama, Ana Dias Lourenço; do Ministro dos Recursos Minerais, Petróleo e Gás, Diamantino Azevedo; do Presidente do Conselho de Administração da Sonangol, Gaspar Martins; do CEO da Gemcorp Capital, Atanas Bostandjiev, e do CEO da Gemcorp ICS, Marcus Weyll, a par de membros do Executivo, do Governo provincial de Cabinda, autoridades tradicionais e religiosas locais, e demais convidados.