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O papel dos seguros na transição energética
DATA: 10/04/2024
À medida que os desafios para conter o aquecimento global crescem, grandes projetos envolvendo energias renováveis avançam no mundo todo, rumo a uma economia de baixo carbono.
Estamos falando de geração de energia a partir do calor do sol (energia solar), da amplitude dos ventos (energia eólica), da água dos rios (energia hídrica), de matéria orgânica (biomassa), do calor do interior da Terra (geotérmica) e também do hidrogênio verde (H2V), um combustível obtido por meio da eletrólise da água, com alto potencial de aplicação em indústrias intensivas em emissões de GEE (Gases de Efeito Estufa).
O setor de seguros tem um papel fundamental neste cenário, especialmente como uma das peças-chave para impulsionar a transição energética.
“Os produtos de seguros são instrumentos essenciais durante todo o ciclo de investimentos de uma usina, seja nas etapas iniciais por meio do seguro garantia para viabilizar negócios, seja por meio de seguros de riscos de engenharia na etapa de construção ou ainda durante a fase de operação para se proteger das exposições e assegurar o fluxo de caixa previsto”, explica Carlos Eduardo Lichtenberger, diretor de Riscos e Seguros da Horiens para Infraestrutura.
Novos passos e desafios
Um dos principais desafios envolvendo os seguros em projetos de energia renovável é a quantidade de variáveis que podem gerar risco. São fatores que vão desde a instabilidade climática, passando pela oscilação na produção até a escassez de dados históricos, uma vez que há novas e disruptivas iniciativas nessa área.
“Em geral, projetos de energia compreendem atividades complexas, exigem um amplo conhecimento e requerem que estejamos sempre muito atentos às novidades dos seguros disponíveis no mercado e às especificidades deste tipo de negócio”, ressalta Vanessa Falco, diretora de Riscos e Seguros da Horiens para Energy.
O seguro deve refletir cada projeto, de forma que as exposições sejam identificadas, tratadas e o risco residual passível de transferência ao mercado segurador esteja de fato devidamente amparado na apólice. “Esse é um trabalho totalmente personalizado e especializado, que resulta em competitividade e na proteção do negócio, mais um ângulo da importância do seguro”, completa Vanessa.
Novas iniciativas e tecnologias demandam esforço conjunto para se tornarem realidade, todos os atores envolvidos precisam avançar em seus papéis para que a transição energética aconteça no ritmo necessário.
“O melhor caminho é ter acurácia técnica e transparência ao fornecer informações aos subscritores. Os corretores de seguros são fundamentais nessa interlocução, em especial quando conhecem profundamente o negócio que estão apoiando, o que traz condições de conduzir um diálogo qualificado com o mercado segurador e de prestar uma assessoria assertiva na gestão de riscos da empresa”, pontua Vanessa.
Renováveis em crescimento no Brasil
Atualmente, a menor parte da energia mundialmente disponível é proveniente de fontes renováveis. No Brasil, devido a sua condição geográfica, a grande oferta de recursos naturais permite que a matriz energética seja mais equilibrada, com quase metade da energia sendo gerada a partir de fontes limpas, como biomassa de cana (15,4%), hídrica (12,5%), lenha e carvão vegetal (9%), lixívia e outras biomassas (7%), eólica (2,3%) e solar (1,2%), de acordo com dados do Balanço Energético Nacional (BEN/2023).
Considerando-se apenas a matriz elétrica, a participação de fontes renováveis é ainda maior, alcançando quase 90% da base de produção, a maior parte advinda de hidrelétricas.
Quando falamos de eólica, os ventos fortes e muitas vezes constantes, especialmente no Nordeste brasileiro, reforçam o imenso potencial do país na geração deste tipo de energia, tanto em terra (onshore) como no mar (offshore).
A tendência é que os projetos de energia eólica continuem a se expandir nos próximos anos. Para se ter uma ideia, até 2030, a geração eólica onshore deve quase dobrar no país. Já no caso da geração eólica em alto-mar, há importantes movimentos de pesquisa e desenvolvimento, como os projetos liderados pela Petrobras na área, por exemplo, além de grande expectativa com a consolidação do setor na próxima década, o que deverá atrair cada vez mais investimentos e trazer grande impulso à geração de energia elétrica.
A energia solar também tem ganhado cada vez mais espaço no Brasil. Em 2023, o país ficou, pela primeira vez, entre os 10 principais geradores de energia solar, alcançando o 8º lugar, conforme levantamento da Agência Internacional de Energia Renovável (Irena).
Outra alternativa às fontes fósseis em plena expansão é o hidrogênio verde, obtido através da eletrólise da água utilizando-se fontes de energias renováveis no processo produtivo. O H2V, como é conhecido, tem se destacado como uma oportunidade palpável na busca pela redução das emissões, com potencial para ser utilizado como combustível ou matéria-prima em indústrias como siderúrgicas, fertilizantes, química, transportes, entre outras.
Diversos estados do Nordeste anunciaram projetos na área, com destaque para o Ceará, com o Complexo Industrial e Portuário do Pecém (CIPP), que produzirá H2V para o mercado interno e também externo, por meio de parceria firmada com o Porto de Roterdã, principal hub de hidrogênio na Europa.
“As expectativas e o potencial do país é grande na frente de energias renováveis. A rápida evolução tecnológica deste setor traz grandes desafios e oportunidades não somente para o mercado segurador, mas também para as empresas que estão liderando esses projetos e todos os agentes envolvidos. É um tema importante, precisa e continuará precisando de todos os esforços”, conclui Vanessa.
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