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“Somos nós que podemos fazer a virada”
DATA: 10/08/2017
Considerada a principal porta de entrada dos estudantes na Odebrecht, o Programa Estágio de Férias fechou a edição de julho com aproximadamente 20 mil inscritos. Foram mais de 50 vagas em sete Estados brasileiros, ocupadas por alunos de diferentes cursos de graduação.
Nos projetos da Engenharia e Construção, a surpresa positiva foi o total de participantes mulheres. De 46 vagas, 48% foram preenchidas por elas, número surpreendente para um ambiente que, tradicionalmente, sempre foi masculino.
Essa realidade já é refletida no Programa de Ação de Fabio Januario, Líder de Negócios da Odebrecht Engenharia e Construção – Infraestrutura. Um dos objetivos da empresa para o triênio é investir na diversidade de gênero e ampliar a participação de mulheres em posições de liderança, de 11% para 21% até 2019. Atualmente, segundo a Câmara Brasileira da Indústria da Construção Civil, o número de profissionais do sexo feminino nesta área não ultrapassa 8% do efetivo total das organizações privadas.
Agnes Brasil, 22 anos, e Beatriz Vigiato, 21, são futuras engenheiras que podem engrossar esse percentual. O mesmo destino que as colocou nas obras da Linha 5 Lilás do Metrô de São Paulo fará com que as duas utilizem este serviço, quando o trecho for concluído. Agnes mora no Capão Redondo, enquanto Beatriz é de Moema, bairros que serão beneficiados com novas estações. Na entrevista a seguir, saiba o que elas e outros participantes pensam de assuntos como diversidade de gênero, aprendizado, carreira e reputação.
Qual foi a primeira impressão que vocês tiveram ao chegar no canteiro?
Agnes: Foi uma surpresa já no processo seletivo. Metade eram meninas. Quando eu cheguei no canteiro, vi que não havia mulheres. Mas o mais surpreendente foi o respeito pela gente na obra. Foi uma surpresa.
Beatriz: Eu acho que esse respeito é reflexo da forma como os integrantes são orientados. Eu me lembro que no vídeo de integração, que assistimos antes de começar o estágio, havia um tópico falando sobre respeito às mulheres. Quem está lá dentro já passou por um processo de educação, de respeito às diferenças independentemente do sexo.
Por que vocês escolheram estágio na Odebrecht, mesmo em um contexto no qual a empresa tem sua reputação arranhada?
Agnes: A Odebrecht fez muitas obras no Brasil e para o Brasil. Não é uma empresa que vai levar o dinheiro para fora. E isso eu valorizo, você tem que pensar na sua gente em primeiro lugar. E é uma empresa gigante, acredito que ninguém vá recusar estagiar aqui. A maioria das pessoas para quem eu falei que viria disse pra mim: “nossa, que legal, parabéns”. Então, apesar da crise reputacional, a empresa tem um nome forte. Sem falar que as pessoas que erraram já estão pagando. Eu não consigo olhar para vocês, integrantes, e associar ao que aconteceu. Também acho que a gente, que está chegando agora, não chega para fugir do problema, mas para atacar ele. Somos nós que podemos fazer a virada dessa crise ética.
Beatriz: Eu acho que a empresa continua muito atrativa. Primeiro que, no universo da Engenharia, se você olha o portfólio da Odebrecht, você conclui que não é em todo lugar que você encontra isso. A expertise, o tamanho e complexidade das obras que a empresa já fez seduzem muito.
O que representa para vocês o nome Odebrecht?
Beatriz: Nossa, um monte de obras gigantescas (risos). Não só no Brasil, mas em todo o mundo.
Agnes: Uma obra específica tem importância especial para mim. Eu moro no Capão Redondo, sou usuária da Linha Lilás há anos e posso falar: aquelas 300 mil pessoas estão aguardando muito a conclusão da linha. Eu faço iniciação científica em mobilidade e, estudando a região do Capão Redondo, vejo que a Linha Lilás tem um impacto gigantesco na vida dessas pessoas. São pessoas que podem acordar e decidir como irão para o trabalho. Elas vão descobrir que podem dormir meia hora a mais, que podem buscar o filho na escola. É disso que a gente está falando ao falar da linha Lilás. Isso faz parte da minha motivação de ter sido mobilizada nessa obra.
Beatriz: Eu moro em Moema e vou ser usuária da Linha Lilás. É engraçado isso. Como o mundo dá voltas e estamos juntas.
Como vocês, estudantes de Engenharia, acham que podem influenciar o mercado de trabalho, inclusive sendo as lideranças do futuro?
Agnes: Eu não faço ideia. Já houve situações, na graduação, em que eu tive que ser forte.
Beatriz: Eu discordo. Eu acho que as pessoas vão olhar para você, ver que você saiu do Capão Redondo, passou pela Escola Politécnica da USP, chegou até aqui. Você veio para brigar por alguma coisa.
Agnes: Eu passo por situações em que eu tenho que provar a todo tempo que sou boa. O professor não olha para a sala e vê todo mundo igual. Eu faço uma pergunta e ele me responde como se eu não soubesse uma coisa básica. Todo semestre eu tenho que ficar provando, não é automático assim. E tem uma outra carga: eu não sou só mulher, eu sou uma mulher negra. Porque já existe a presença da mulher no ambiente de engenharia. Mas quando você é negra, vem uma coisa antes. Algumas pessoas acham que eu não sou aluna, já perguntavam se eu trabalho na faculdade.
O que vocês poderiam destacar desse processo de estágio de um mês?
Beatriz: Eu fiz uma comparação do que eu já aprendi na teoria e o que eu vi na prática. Peguei as matérias do meu curso e cheguei à conclusão de que em apenas 20 dias eu consegui ver aplicações ou exemplos de quase 80% de tudo que eu já aprendi na Faculdade de Engenharia Civil. É uma oportunidade única visualizar tudo num espaço de tempo tão curto e de extrapolar certas questões que você não vê em sala de aula. Isso porque viemos de faculdades conceituadas. A Agnes é da USP e eu venho da Unicamp.
A Odebrecht sempre valorizou o desenvolvimento das pessoas em seus projetos, a oportunidade de poder crescer profissionalmente. Vocês se depararam na obra com alguma situação assim?
Agnes: Conheci vários integrantes que entraram como armadores, motoristas. A empresa pagou cursos profissionalizantes e hoje eles são técnicos de edificações, têm funções mais qualificadas.
Beatriz: Tem um rapaz que a gente conheceu, a gente estava caminhando na via permanente e ele foi uma das pessoas que nos reconheceu como estagiárias de férias e nos cumprimentou. Ele, que é ajudante de obras, falou para gente: “Ah, eu me inscrevi no Estágio de Férias também, eu estou cursando Engenharia. Eu não passei na primeira fase das provas, mas vou tentar novamente”. Daí você pensa: caramba! O menino está verificando o torque dos parafusos durante 5 km e também está fazendo Engenharia. Isso mexe com a gente.
“Um estágio deve tirar o estudante da sua zona de conforto”
Mariana Dorileo é aluna de Administração na Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) e estagiou durante um mês na Concessionária Rota do Oeste, da Odebrecht TransPort. Ela já conhecia a Odebrecht da época em que morava em Salvador e visitou sua sede na capital, em uma excursão da escola. Para a estudante, a cultura da empresa e a capilaridade de seus negócios no Brasil e exterior foram decisivos para se candidatar ao estágio.
“É importante que as pessoas associem a Odebrecht a um grupo que valoriza o Brasil e que dá oportunidade para as pessoas”, diz, apostando no potencial de investimento na geração que chega ao mercado. “Muitas vezes, os estagiários ficam restritos à rotina da sua área e não têm uma visão macro. Aqui na Rota, tivemos a oportunidade de visitar inclusive as praças de pedágio e bases de atendimento ao usuário, vivenciando a entrega da concessionária e seu papel no gerenciamento da rodovia”.
Todos em sinergia
Rafael Belo, aluno de Engenharia Civil no Centro Universitário de Várzea Grande (UNIVAG), tem opinião parecida. “Um estágio deve oferecer o máximo de experiências e aprendizados, mostrar na prática o que se aprende em sala, tirar o estagiário da zona de conforto”, diz, antes de avaliar sua passagem pela Rota do Oeste. O que fica dessa experiência? “A disposição dos integrantes em tirar dúvidas e explicar os processos. Independentemente do cargo, todos querem te colocar em sinergia com a área”.
Para Mariana, apesar da crise de reputação por que passa todo o grupo, existe uma base sólida, em grande parte construída pela trajetória das pessoas. “Todos que conheci aqui são apaixonados e engajado pelo que fazem. Muitos começaram suas carreiras na Odebrecht, ainda que depois tenham sido realocados em outros projetos. Isso mostra a importância que o grupo dá ao indivíduo”.
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