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  • Precisamos desfazer a ideia de que falamos apenas de leis

    DATA: 06/09/2017

    Publicado por: Braskem

    Para Everson Zaczuk Bassinello, Conformidade não pode ser um assunto restrito a normas e regulamentos. Precisa ser um tema do nosso dia a dia, tanto da nossa vida pessoal quanto da profissional. Confira a entrevista que o Chief Compliance Officer (CCO) da Braskem nos concedeu sobre este e outros assuntos relacionados ao nosso processo de mudança

    No que a evolução Conformidade na Braskem se difere do processo por que vem passando todo o Grupo Odebrecht?

    Os modelos são muito parecidos. O nosso Sistema de Conformidade é muito alinhado com o do Grupo do qual fazemos parte. Ambos são calcados em três pilares: prevenção, detecção e remediação – além de dez medidas estruturadas para fazer esse sistema funcionar. O que muda é que cada medida teve que ser analisada, adotada e ajustada à particularidade, maturidade e necessidade da Braskem, uma empresa de capital aberto, com questões regulatórias próprias e operação nos Estados Unidos, México e Europa, além do Brasil.

     

    Nesse ponto, a realidade da Braskem torna o processo mais complexo?

    Sim, mas o fato de sermos uma empresa de capital aberto facilita, pois já vínhamos num processo de estruturação do nosso ambiente de controle e Governança. Eu vejo esse movimento não como um movimento de ruptura, mas de evolução, que tornará a empresa mais robusta e preparada.

     

    O Sistema de Conformidade da Braskem sempre foi reconhecido como um dos mais avançados do Grupo Odebrecht. Isso tem sido um diferencial?

    Apesar de o nosso Sistema de Conformidade ser referência internamente, quando nos comparamos com as melhores práticas do mercado, ainda há muito o que fazer. O nosso Programa de Conformidade conta com mais de 160 iniciativas de aprimoramento. Já conseguimos avançar em novas Diretrizes e Procedimentos voltados aos temas de Conformidade, por exemplo. Atualmente, temos um plano global estruturado de Treinamentos e Comunicação sobre Conformidade, todos com direcionamento específico para cada região onde operamos. Outra mudança foi na gestão do Canal Linha de Ética. A boa prática de mercado sugere que esse canal seja terceirizado. Seguimos nessa linha e hoje temos um canal mais profissional e independente, com uma ferramenta de gestão dos relatos que é referência. Estabelecemos também um novo processo de avaliação de terceiros (Due Diligence). Além disso, formalizamos a função de Auditoria Interna, que passou a avaliar de forma objetiva e independente a efetividade dos processos e controles.

     

    A metodologia do Linha de Ética da Braskem é diferente da seguida pelo Linha de Ética dos outros Negócios do Grupo Odebrecht?

    Trabalhamos com o mesmo provedor (ICTS). O desenho dos processos é muito parecido. O que muda é que os contratos e os ambientes são segregados e distintos, garantindo a Governança adequada da gestão dos relatos em cada Negócio. Hoje a Braskem possui 90 protocolos a serem seguidos para cada tipo de denúncia, desenhados para a sua realidade.

     

    Como você avaliaria os primeiros meses deste Canal na Braskem?

    Notamos uma qualidade no relato. Antes tínhamos muitos relatos sem conexão com o Código de Conduta, improdutivos do ponto de vista da informação e que dificultavam muito o trabalho investigativo. Hoje não temos um aumento significativo no número de denúncias, mas notamos que a qualidade dos relatos melhorou: eles são mais estruturados e completos, o que facilita a investigação. Estatisticamente, a maior parte das denúncias está relacionada a conflito de interesses, em primeiro lugar, e a questões que envolvem ambiente de trabalho, em segundo. Já temos vários casos investigados e procedentes, em que medidas disciplinares já foram tomadas, inclusive com demissão por justa causa.

     

    As equipes de Conformidade ainda são vistas como a “linha de frente” do nosso processo de mudança. Qual o principal desafio de levar esse protagonismo para líderes e liderados?

    O que eu estou tentando fazer na Braskem é o mesmo que fizemos com Saúde e Segurança, tema que entrou no dia a dia das pessoas e nos PAs dos líderes. A ideia é que Conformidade esteja no DNA dos integrantes da mesma forma que Saúde e Segurança estão. Na Braskem, em qualquer ambiente de trabalho que você vá, você encontra vídeos e orientações de segurança. Nas reuniões, você tem indicadores sobre o tema.  A Conformidade tem que chegar nesse patamar. Nas plantas industriais há os Diálogos Diários de Segurança (DDS), mas ainda não percebi em nenhuma das minhas visitas diálogos sobre Código de Conduta, Política de Conformidade… É isso que precisa acontecer. Na hora em que chegarmos nesse estágio, atingiremos nosso objetivo. É um caminho longo, não é uma mudança do dia para a noite e essa agenda precisa ser automática e natural. É um tema que ainda requer mais amadurecimento.

     

    Por que?

    Conformidade ainda é um tema novo. Qual tem sido o mote do nosso direcionamento? Associar a Segurança no Trabalho com a segurança pessoal e familiar. É essa analogia que estamos fazendo: associar Conformidade no ambiente empresarial com as questões de ética sob o ponto de vista pessoal familiar. Precisamos desfazer a ideia de que estamos falando apenas de cumprir leis, normas e regulamentos. Não é só isso. É integridade que a gente tem que discutir aqui e temos motivado os líderes a disseminarem este conceito.

     

    A Braskem tem seus próprios monitores independentes. Como será a interação deles com os monitores independentes do Grupo Odebrecht?

    São acordos de leniência totalmente separados e distintos. Os monitores do Grupo Odebrecht não interferem no trabalho dos monitores da Braskem, que são o americano Guy Singer e o brasileiro Henrique Vergara. O primeiro responde ao DOJ (Departamento de Justiça americano) e o segundo, ao MPF (Ministério Público Federal do Brasil).

     

    Com 41 unidades industriais e escritórios nas Américas, Europa e Ásia, a Braskem atende Clientes em mais de 70 países. Como garantir o alinhamento da Conformidade em um contexto geográfico, político e cultural tão amplo?

    Esse, de fato, é um grande desafio. Alinhamos para todas as regiões uma orientação global, para que, de forma macro, consigamos alcançar todas as localidades. Mas percebemos que, no nível de procedimento, precisamos nos ajustar, pois lidamos com leis e culturas diferentes. Na Europa, por exemplo, há um processo mais maduro, uma cultura educacional bem mais evoluída. Muitos cenários de risco nem aparecem, são inimagináveis. Precisamos de uma visão global que seja adaptável à realidade e particularidade de cada região. Lembrando sempre que, se determinada unidade quer ser mais conservadora e restritiva, ela pode. O contrário, não. É esse o princípio que a gente vem adotando.

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